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Análise: King, sedã híbrido da BYD, chega com preço competitivo, mas sem recursos autônomos de segurança 

Modelo parte de R$ 175,8 mil e tem como principal rival o Toyota Corolla Hybrid, que hoje sai por a partir de R$ 190 mil.


Por Henrique Koifman – fotos de divulgação



Já comentei isso aqui outras vezes. Sempre que um novo modelo é lançado no Brasil, com seu pacote de itens de série e preço divulgados, fico imaginando como teriam sido os acalorados debates entre as equipes de engenharia, marketing e finanças da montadora para chegarem a um acordo. Esta semana, com a apresentação do sedã híbrido plug-in (recarregável) de porte médio King em nosso país e a listagem de seus recursos e preços sugeridos, essa cena – dos técnicos e executivos aos gritos em torno de uma mesa – entrou novamente em cartaz no meu “cine imaginação”.


Importado da China – de onde é trazido pela montadora a bordo de seu imenso navio próprio, o Explorer No. 1 BYD – o King chega com a ambiciosa missão de destronar o atual rei do pedaço (com o perdão do trocadilho) no segmento dos sedãs médios híbridos de nosso mercado, o valorizadíssimo Toyota Corolla Altis Hybrid. E, para isso, oferece um visual um pouco mais arrojado, performance mais forte, maior autonomia em modo elétrico (por ser plug-in, ou seja, recarregável em tomada, coisa que o Corolla não é) e uma qualidade de materiais de acabamento e itens de conforto que, se não superam, no mínimo igualam o concorrente nissei.





De faróis de LED a ar condicionado digital com saída para o banco de trás e carregador sem fio para o celular, passando por uma central de multimídia com um mundo de controles e informações customizáveis e tela que gira. Tudo isso custando menos: suas duas versões, a GL (R$ 175.800) e a GS (R$ 181.800) tem preço menor que o “a partir de” do Corolla (R$ 190.120) – o Toyota tem ainda uma opção mais cara, a Altis Hybrid Premium (R$ 200.910).



O custo do preço competitivo do BYD King


A Toyota produz seus Corolla no interior de São Paulo e a BYD precisa transportar o seu King, literalmente, por meio mundo e ainda pagar pelos trâmites de entrada. Para conseguir preços assim tão agressivos, como seria de esperar, a chinesa teve de reduzir alguns recursos do carro. E, pelo que mostra o material de divulgação, esses cortes atingiram especialmente o “departamento de ADAS" – do inglês Advanced Driver-Assistance System, ou no português direto, sistema avançado de assistência ao motorista.


Chega a ser até um pouco estranho entrar em um carrão bacana e moderníssimo como esse King (veja a ficha técnica no final do post) e não encontrar coisas que, hoje, já nos acostumamos a ver em modelos bem mais simples e baratos, como alertas de ponto cego, de mudança de faixa e e tráfego cruzado à traseira e frenagem autônoma de emergência, por exemplo. Mas nenhum desses está lá. Há todos os itens obrigatórios, claro, como controles de tração e estabilidade e auxiliar de partida em rampa, além de seis air-bags. E outros, apresentados como “Frenagem inteligente” e “Distribuição eletrônica da força de frenagem” que, despidos do marketing, são sistemas comuns aos carros híbridos e que têm recursos para a recuperação de energia.




A esta altura o leitor pode estar achando que, com isso, o BYD corre o risco de, mesmo custando menos, não atrair parte dos compradores das versões também híbridas do Toyota. Pode ser, já que mesmo o Corolla Altis “comum” supera o King em um air-bag a mais e traz o pacote TSS (Toyota Safety Sense), que inclui boa parte do que eu enumerei no parágrafo anterior, e ainda um controle adaptativo de velocidade de cruzeiro (que monitora o tráfego à frente) e um assistente de controle de direção que “mexe” no volante em caso de mudança de faixa sem a devida sinalização. Mas nós só vamos saber isso, mesmo, em mais alguns meses, conferindo os números de vendas acumuladas.


Vendas essas que, se forem bem volumosas, podem estimular a BYD até a produzir esse sedã em sua fábrica (ex-Ford) baiana, que já está em fase adiantada de preparação para entrar em operação. Daí, quem sabe, as versões nacionais do carro não possam incorporar esses recursos ADAS, mantendo um preço competitivo?





O BYD King em resumo


O sedã BYD King traz uma nova tecnologia para híbridos da marca, chamada DM-i. Ela combina um motor a combustão com uma bateria “blade” da própria empresa e outro motor, elétrico – até aí, nada demais, só que, segundo a marca, esse conjunto proporciona eficiência, desempenho e autonomia superiores aos de seus concorrentes, dando sempre prioridade ao uso da porção elétrica de sua propulsão. O motor a combustão é um 1.5 aspirado que funciona no ciclo Miller – diferente do usado pela Toyota, que opera no ciclo Atkinson, e também dos que conhecemos melhor, que trabalham no ciclo Otto. Não vou entrar aqui em detalhes sobre isso, mas, resumidamente, nesses Miller, a fase da expansão, em que os pistões transmitem a força à transmissão, é mais longa que a anterior, da compressão (para quem quiser se aprofundar, recomendo este artigo da Wikipedia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ciclo_Miller).


Simplificando muito, a ideia é fazer com que o motor, além de empurrar o carro, seja o mais eficiente possível na alimentação da parte movida a eletricidade do veículo. Com isso tudo, a BYD diz que seu King tem uma autonomia total de até 1.200 km (são até 120 km pelo padrão chinês apenas no modo elétrico, o que dá uma média de 25,6 km/litro de gasolina) – isso para a versão GS, que conta com uma bateria de 18,3 kWh (no GL, são 8,3 kWh). Também na GS, os motores combinados são capazes de gerar 235cv de potência e 33,1 kgfm de torque e, com isso, permitem que o King acelere de 0 a 100 km/h em 7,3 segundos. Como tudo isso se reflete na direção do carro? Digo a vocês quando puder dirigi-lo.



Ficha Técnica - BYD King (GS / GL)

Tração - Dianteira

Motor elétrico - Potência máxima (kW) 145/132

Torque máximo (kgfm) 33,1/32,2

Motor à combustão

Potência máxima (cv) 110

Torque máximo (kgfm) 13,8

Potência combinada (cv) 235/209

Aceleração 0-100 km (s) 7,3/7,9

Velocidade máxima (km) 185

Consumo energético (MJ/km) 0,5/0,54

Bateria Blade (LFP)

Capacidade (kWh) 18,3/8,3

Autonomia elétrica NEDC (km) 120/55

Forma de carregamento + potência (kW)

Carregamento AC (potência 6,6/3,3)

Suspensão dianteira tipo McPherson

Suspensão traseira com barra de torção

Freio dianteiro a disco ventilado

Freio traseiro a disco sólido

Dimensões (mm):

Comprimento 4.780

Largura 1.837

Altura 1.495

Entre-eixos 2.718

Distância do solo (em ordem de marcha) 120

Raio de giro 5,1 m

Volume do porta-malas 450 litros

Tanque de combustível 48 liros

Pneus 215/55R17





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