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Muito além da rima: que tal o Renault Kardian Evolution Manual?


Por Henrique Koifman – fotos HK e divulgação


Passei o recesso de fim de ano e este começo de janeiro tendo um Renault Kardian, em sua versão de entrada Evolution manual, como meu carro de uso diário. Andei com ele tanto naqueles dias chamados de úteis, quanto em outros, adoravelmente “inúteis” (antes o contrário), em uma semana sabática.


Ao todo, foram 27 dias e uns 650 km, incluindo uma viagem, em que percorri com o carro em tudo que é tipo de caminho e condição, do asfalto ensolarado de uma ótima rodovia até a lama e as pedras de uma estradinha íngreme e bem ruinzinha, no meio da floresta e debaixo de tempestade – pela qual, como é altinho do chão, o Kardian passou incólume e sem nos colocar em apuros.




Nova e única versão do SUV compacto Kardian que não traz o bom câmbio automatizado EDC de dupla embreagem – e sim uma caixa manual de seis marchas – essa Evolution MT vem com o mesmo motor das demais, um 1.0 turbo flex de três cilindros com injeção direta, que rende até 125 cv e 22,4 kgfm de torque. Ele é bem esperto e a Renault combinou direitinho seu casamento com o câmbio manual. Bem escalonado, com engates precisos e um curso na medida certa, ele torna a direção do carro, que é bem ágil e até divertida.



Não que seja propriamente um esportivo – ele ficou até um pouco mais lento na aceleração de zero a 100 km/h em relação aos irmãos automáticos: 11 contra 9,9 segundos. Mas com o ótimo torque em baixa rotação que esses motores turbinados oferecem e um ronquinho invocado, que insiste e invadir a cabine sempre que se ultrapassa os 2.500, 3 mil giros do motor, a sensação de dirigir – pra quem gosta desse estilo – é bacana. E mesmo sendo altinho do chão e até macio no rodar, o Kardian passa confiança em curvas e manobras, sendo no geral neutro e “na mão”. Os freios são eficientes, também.





Num de meus passeios, subi e desci a serra para Teresópolis com muita tranquilidade, sem muito perder tempo em ultrapassagens e fazendo retomadas rápidas. Retomadas, aliás, que o câmbio ajuda a fazer, no giro certo e sem “buracos” na aceleração, redondinho, mesmo.



O bom é que ele anda bem, mas é econômico. Mesmo sem me preocupar muito em guiar de forma econômica – e enfrentando muitos trechos urbanos de trânsito pesado e outros, interioranos, recheados de quebra-molas e velocidades máximas de 40 km/h – minha média em cidade, com gasolina, segundo o computador de bordo, ficou perto dos 11 km/litro.



E, zerando a medição ao entrar na rodovia, no trajeto de Guapimirim ao Rio, o mesmo computador indicou uma média de 18,3 km/litro, com o mesmo combustível e rodando a maior parte do tempo a entre 100 e 110 km/h, quase sempre em sexta marcha. Isso sem lembrar de acionar a teclinha ECO (de economia) no painel, que presumivelmente ajusta para baixo a performance e a sede do carro.




Renault Kardian oferece espaço e simplicidade caprichada


Por dentro, esse Kardian Evolution é simples, com o já universalizado plástico rígido dominando todos os painéis e console, sem muita firula – ou contrastes de texturas, cores etc. O padrão de montagem, porém, é bom, bem superior ao de modelos anteriores da Renault, como o Logan e o Sandero. O volante tem regulagem de altura e de profundidade e os bancos, especialmente os dianteiros, têm um formato bacana, com ótimo apoio lateral, ao “estilo competição”, embora sejam mais macios que os de um esportivo.


A forração deles é em um tecido agradável, com costuras em linha vermelha e, no geral, ainda que com poucas regulagens disponível para o motorista, guiei sem me cansar, mesmo em percursos mais longos. O pacote de recursos e acessórios, porém, é até caprichado e inclui ar condicionado digital, volante multifuncional (com um “satélite” que reúne todos os comandos de som e multimídia na coluna, bem ao estilo francês), multimídia com conexões para Android e Apple sem fim (e que funciona muito bem), câmera de ré (com resolução apenas razoável, mas suficiente) e outras coisinhas.



O pacote de segurança inclui seis airbags, os hoje obrigatórios controles de tração, estabilidade e subida em rampa; piloto automático, indicador de uso do cinto e sensor de pressão dos pneus. E, para ajudar na economia, há também sistema start-stop – que desliga o motor do carro em paradas breves e que, para quem não gosta (e conheço muitos que se irritam com ele), pode ser facilmente desligado.


O painel de instrumentos dessa versão do Kardian é digital, mas bem simples e, confesso, senti falta de maior destaque para algumas informações – como a do conta-giros, que é representado por uma barrinha fina e nem sempre é muito legível. De um modo geral, porém, o que é mais necessário é bem visível e, quase sempre, comandos e botões estão em posições apropriadas.


O destaque, porém, é mesmo o espaço interno. Viajamos em quatro adultos, e mesmo com este motorista comprido (1,87m), o passageiro de trás, quase do mesmo tamanho, não teve apertos para joelhos e pernas. O encosto do banco traseiro não é tão vertical que incomode, tampouco e, no porta-malas, se arruma facilmente até 410 litros de bagagens – e nós o lotamos.



Por fora, essa versão não se difere em quase nada da outra Evolution, um pouco mais cara – ao menos esteticamente. Isso porque, enquanto na automática as rodas são de liga leve, nesta manual há calotas cobrindo as rodas de aço. Mas a coisa é tão bem, digamos, mimetizada, que eu confesso que só percebi quando fui conferir a calibragem dos pneus antes de pegar a estrada.



No mais, o desenho do Kardian é bacaninha – ainda mais nesse “Laranja energy”, um opcional de R$ 1.900 – e ele conta com faróis e luzes DLR (diurnas) em LED e barras no teto – que podem ser utilizadas como bagageiro.



E então, afinal, Renault Kardian Evolution manual vale ou não a pena?


Valer, vale. O modelo oferece bom custo-benefício e nesta versão, sem a cor especial, o “MT” sai por R$ 11 mil a menos que o Evolution EDC, automático – são R$ 106.990 contra R$ 118.090. Se você quer ter um Kardian e trocar as marchas – mesmo no trânsito nosso de cada dia – não for uma questão para você, não há porque gastar mais. A questão é que, de uns tempos para cá, também aqui no Brasil, o número de motoristas que preferem ou não se importam com o câmbio manual tem diminuído expressivamente, e eles hoje já formam uma minoria.


Sendo sincero, eu gosto bastante de guiar um bom carro manual, com câmbio justinho e preciso, que faz com que você se sinta mais intimamente “no comando das ações”. Mas se fosse comprar um Kardian – e acho ele uma ótima escolha em seu segmento – e esses onze mil não me fizessem falta, optaria sem grandes pesares pelo automatizado (confira aqui meu teste com a versão Première Edition do modelo: https://www.rebimboca.com.br/single-post/que-tal-o-renault-kardian). Carro para diversão é uma coisa, para a rotina é outra.

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