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O Fiat Pulse Impetus vale à pena?

Texto e fotos de Henrique Koifman 25/02/2022


Esse aí nas fotos é o Fiat Pulse Impetus, versão topo de linha do primeiro SUV com a marca italiana, com o qual passei uma semana e ao qual dedico este post. Além das linhas – sintonizadas com as dianteiras das atuais gerações das picapes Strada e Toro e pitadas da linha Argo –, ele traz como grande novidade um novo motor 1.0 de três cilindros turbinado. E, nesta versão topo de linha, traz um generoso pacote de recursos e acessórios, também.


A Fiat demorou um tempo para entrar no concorrido mundo brasileiro dos SUVs. Em primeiro lugar, porque quando eles começaram a aparecer por aqui, ela vendia – e vendia muito bem – aquela que talvez tenha sido a melhor versão aventureira de carro comum que tivemos, a Palio Weekend Adventure (depois, apenas Fiat Adventure). Em segundo, porque como integrante da holding FCA, ela contava (e ainda conta) com a coirmã Jeep para suprir nosso mercado com esses utilitários esportivos – o que, aliás, fazia muitíssimo bem. Pra que competir em família?



“Para vender ainda mais”, parecem finalmente ter respondido os responsáveis por mercado e marketing lá em Betim. E, para isso, criaram um produto que, embora se encaixe no segmento dos esportivos utilitários compactos, é diferente em quase todos os sentidos do parente por afinidade Jeep Renegade.


Sua plataforma é outra – diferente, também da do Argo, embora compartilhe com este suas quatro portas. Mas, mais do que isso, seu estilo é muito mais “urbano” e, também, ousado. Linhas cheias de curvas, lanternas e faróis com desenhos, hum, orgânicos (tendência geral atual) e um jeitão de carro de passeio, a despeito da maior (e boa) altura em relação ao solo. No fundo, de SUV, mesmo, além dessa altura, seu desenho tem como destaque a frente trucada e alta e as grandes caixas de rodas, que abrigam com certa folga as rodas de 17 polegadas.




No mais, bons faróis e luzes em LED (incluindo aqueles que se acendem em manobras de direção) e detalhes com estilo esportivo, como o desenho dos para-choques (com duas falsas saídas de escapamento na traseira), aerofólio, grafismos e teto pintado em preto. Por falar em teto, uma opção de teto solar cairia bem, mas por enquanto, não há.


Do lado de dentro


Por dentro, o pacote dessa versão topo de linha contempla desejáveis chave presencial com abertura das portas por aproximação e partida por botão (inclusive à distância), sensores crepuscular e de chuva (para faróis e limpadores); de estacionamento dianteiro e traseiro, câmera de ré, rebatimento de espelhos externos, retrovisor antiofuscante e ar condicionado digital automático.




O painel digital do Pulse é outra novidade, com desenho próprio e boa visualização. Ele não vai muito além do básico em termos de informações no computador de bordo, diga-se, mas é prático. O volante multifuncional é revestido em material semelhante ao couro e todos os comandos são fáceis de achar e estão ao alcance dos dedos.


A tela de multimídia tem 10,1 polegadas fica “flutuando” no centro do painel frontal, igual no Argo. Tem conectividade (Android e Apple, sem fio) e dá acesso a ajustes do ar condicionado – que também podem ser feitos por um botão bacana, de duas funções, no console –, do som, da ação de travas e sinais de advertência etc. O Impetus traz ali, também um sistema de GPS instalado, o que, pessoalmente, prefiro aos emparelhados via smartfone. Há portas USB na dianteira e na traseira e dá para recarregar o celular sem precisar de cabo, em um pequeno nicho sob o console.



Na qualidade e dos painéis e acabamentos de plástico rígido, a gente percebe que o Pulse fica abaixo do Renegade na tabela. Eles aparentam boa qualidade, nas não há revestimento estofado fora dos apoios das portas dianteiras. Andando, porém o carro é silencioso, o que indica boa montagem e bom isolamento acústico. A forração dos bancos, confortáveis, é caprichada e passa boa impressão.



No porta-malas, cabem 370 litros de bagagens, o que não chega a ser muito para SUV. E, mesmo com entre-eixos maior do que o Argo, os passageiros de trás não parecem ter mais conforto que no hatch. Quatro adultos no carro, desde que não sejam lá muito pernudos, vão bem.


Segurança e desempenho


No departamento de segurança, o Pulse Impetus é bem servido, com quatro air-bags, controles de tração, estabilidade e mudança de faixa, assistente para partida em rampa, comutador automático para farol alto e alerta de colisão frontal que inclui frenagem autônoma em caso de emergência.



Mas é sob o capô que esse Pulse mais completo tem sua caixa de joias: o novo motor 1.0 turbo de três cilindros, que atende por T200. Ele conta com sistema MultiAir de gerenciamento de válvulas alcança até 130 cv de potência, com 20,4 kgfm de torque. E funciona em boa dupla com um câmbio do tipo CVT (continuamente variável), que emula sete velocidades que também podem ser escolhidas manualmente por borboletas no volante. Ambos são inéditos na linha Fiat e, em breve, devem chegar a outros modelos.


Não que o motor faça do pequeno SUV um carrinho de corrida, mas certamente garante que sejam bem disposto e gostoso de dirigir. Especialmente quando você aperta a tecla “sport” realçada em vermelho no volante (o melhor lugar para colocá-la, certamente). Aí o nome Impetus passa a fazer mais sentido e, os giros sobem, a direção fica mais firme e até o rugido da máquina parece mais vigoroso. Ah, sim, e a tonalidade do painel de instrumentos muda de neutra para um vermelho energético.



Na prática, a aceleração é bacana (de 0 até 100 km/h em até 9,4 segundos) e as retomadas ágeis. Segundo a Fiat, a máxima é de 189 km/h, se o carro for abastecido com álcool. De acordo com as medições do Inmetro, o Pulse com esse motor 1.0 turbo percorre 8,5 km por litro na cidade e 10,2 em rodovia com álcool (12,0 km e 14,6 km com gasolina, respectivamente). Com tudo isso, no trânsito, o Pulse é agradável, oferece boa visibilidade e não se amarra nas manobras básicas. E demonstra fôlego e alegria para entrar em vias expressas, subir ladeiras e serras e fazer ultrapassagens seguras.


Mais firme que Argo e Cronos, ele passa confiança sem provocar maiores desconfortos (embora “registre” mais claramente as imperfeições do caminho). Isso sem balançar ou adernar em excesso nas curvas – lembrando que ele tem quase 20cm de altura da pista, ótima para vencer lombadas e estradas de terra, mas responsável por elevar seu centro de gravidade. Se o caminho for realmente escorregadio ou mais acidentado, o carro ainda conta com um sistema de bloqueio de diferencial (como o antigo “locker”, dos Fiat Adventure), que pode ser uma quase literal mão na roda nesses casos.


E então?


O segmento específico em que o Pulse batalha é bem servido de concorrentes. De memória (me perdoem os esquecidos), citaria os bons VW Nivus, Chevrolet Tracker, Citroën Cactus e Nissan Kicks e, entre eles, especialmente nessa versão Impetus, o Fiat talvez seja o que oferece neste momento o melhor custo-benefício, saindo por a partir de quase R$ 123.500. Se essa é um SUV compacto nessa faixa de preço que você procura, vale a pena fazer um test-drive com ele.



E o Argo Trekking?

Essa é uma pergunta que me ocorreu logo ao ver Pulse pela primeira vez: será que ainda haverá mercado para o Argo Trekking (na foto acima, junto com o carro da matéria), versão aventureira do Argo, com a chegada do Pulse? Bom, na prática, a versão mais barata do Pulse custa hoje R$ 6 mil a mais que ele. Ou seja, menos de 10%, o que em prestações pode ser bem diluído. Não seria de estranhar que, em mais alguns meses, a procura pelo hatch se reduza radicalmente em favor do SUV. E, na minha opinião, isso será uma pena. Isso porque acho o Trekking um dos melhores arranjos aventureiros de modelos comuns que já apareceram por aqui – se não o melhor deles.

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