Que tal o Jeep Commander Blackhawk 2025?
Texto e fotos de Henrique Koifman
Passei uma semana com um Jeep Commander na versão topo de linha Blackhawk que, além do visual “malvado”, tem como principal novidade o motor Hurricane, que deu mais fôlego ao jipão. Rodei com o ele em diferentes situações – inclusive ocupando seus sete lugares. Correndo o risco de dar um spoiler logo aqui no parágrafo de abertura e perder parte dos leitores, adianto que o que mais me impressionou nesse SUV médio-grande foi sua praticidade. Estranho? Explico a seguir.
O Commander foi lançado em 2021 é o irmão maior da família Jeep fabricada aqui no Brasil. Ele tem 4,769 m de comprimento e pesa 1.886 kg. E, até o começo deste ano, tinha como opções motores 2.0 a diesel, de 170cv de potência e 38,7kgm de torque (na versão 4x4), ou 1.3 turbo flex, de 185 cv e 27,5 kgfm (versões com tração dianteira). Ele até anda direitinho com ambos – aliás, você pode conferir as minhas impressões sobre um deles, o Commander Overland 1.3 T270 flex nesta matéria aqui. Mas, sem dúvida alguma, ficou mais interessante com esse motor Hurricane, com 272 cv e 40,8 kgfm e que estreou aqui no Brasil, ano passado, na picape Rampage.
Motor, câmbio, ação!
Além do motor, essa versão Blackhawk traz tração integral (4x4) permanente, ou seja, a força motriz é aplicada automaticamente nas quatro rodas, de acordo com a necessidade – ou por demanda, no jargão mais técnico. Ele traz também um sistema chamado active drive low (que faz as vezes de uma tração reduzida e controle dos diferenciais), programações especiais de condução para rodar em terrenos com areia ou lama e descidas muito íngremes e câmbio automático de nove marchas. Isso e mais um bom pacote de assistência de segurança ao motorista, com itens como aviso de colisão frontal com frenagem de emergência com detecção de pedestres e ciclistas, controle de mudança de faixa, controle anticapotamento, detector de fadiga do motorista, alerta de ponto cego, reconhecimento de placas de trânsito (para limites de velocidade)…
Enumerando tanta coisa assim, pode parecer que você precisa fazer um curso só pra poder sair para dar uma voltinha com esse Commander, mas é justo o contrário. Ele é muito amigável e fácil de se dirigir e até de manobrar. Nem parece ter esse tamanhão todo. E – desculpem por mencioná-los mais uma vez – com os tais 40,8 kgfm de torque e os 272 cv de potência, as acelerações e retomadas são feitas com agilidade.
O bacana é que, com a tração sendo distribuída nas quatro rodas quando necessário, as arrancadas não provocam tanta oscilação na carroceria e, mesmo rugindo de 0 a 100 km/h em curtos sete segundos (segundo a fábrica), o Jeep avança “plantado” na pista, sem desperdiçar força nem pneus. Não custa lembrar, porém, que a despeito de ter muitos atributos para ocupar uma fatia de mercado que antigamente cabia aos sedãs de luxo, esse SUV é alto, grande e pesado e que, mesmo com todo o apoio eletrônico, as leis da física continuam valendo. Ele não é um carro esporte e não deve ser dirigido como tal. E que preço de todo esse vigor é cobrado no posto. Esse Commander só bebe gasolina (não, não é flex) e, rodando mais na cidade – sem grandes exageros, nem preocupações em economizar – fiquei perto dos 7 km/litro.
Jeep Commander Blackhawk: um carro prático?
A visibilidade, no geral, é boa, o acabamento interno é muito bom, acessórios e recursos são generosos (a lista é imensa, e inclui teto solar panorâmico, bancos em couro e som premium) e o conforto é muito acima da média – que o digam os meus passageiros. Bom, para quem senta na última fileira de bancos, nem tanto assim, mas mesmo lá, com a possibilidade de se deslocar a fileira intermediária e encostos reclináveis, há espaço suficiente para as pernas em trajetos urbanos.
Digo urbanos porque, com todos os assentos ocupados por gente, restam apenas 233 litros de capacidade no porta-malas. O espaço para bagagens cresce para 661 litros guardando a terceira fila e para “furgônicos” 1.760 litros descendo os encostos intermediários. E dobrar e retornar os bancos para suas posições é muito fácil e não exige esforço. Aproveitei a facilidade para levar ali um colchão de solteiro e, em outro “carreto” uma mesa de escritório em “L”, com gaveteiro(!).
É, sei que é improvável que você compre um Jeep desses, por "cifrônicos" R$ 327.590 (na página da montadora em 26/12/2024) pensando em trabalhar com mudanças. Mas essa possibilidade – no meu caso, a de ajudar um filho a levar móveis para sua nova casa – é mais uma das provas da praticidade desse Commander, que mencionei lá na abertura do texto.
Embora seja um pouco menor que os SUVs derivados de picapes médias – como os Toyota SW4 (a partir de R$ 390.590), o Mitsubishi Pajero (a partir de R$ 350 mil) e o Chevrolet Trailblazer (a partir de R$ 379.990); todos em versões para sete passageiros –, esse Jeep oferece tanto ou mais espaço interno que esses carros, sendo um tanto mais, hum, jeitoso do que eles. Digo isso com conhecimento de causa, pois já testei todos esses – e mais alguns outros –, nos mesmos trajetos e, especialmente, nas mesmas vagas e acessos de garagem.
A diferença é sensível e acho que, além do preço (nem tanto assim, no caso do Blackhawk) menor, esse é um dos principais motivos para que o Jeep Commander seja, hoje, o SUV de luxo de sete lugares mais vendido no Brasil.
Por último, vale informar que a versão mais barata do Commander, a Longitude, com motor T270, sai por R$ 222 mil, mas só oferece cinco lugares.
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